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sábado, 6 de janeiro de 2007

septuagesimus III

não pense que cheguei aos 70 por acaso; ela sempre esteve aqui, então... eu..., –fez que sim com a cabeça, querendo com isso dizer... não se sabe o quê. os velhos se reúnem à meia-noite uma vez por ano, noite de natal, a virada, 24 horas pra frente, em nome de jesus. sem ela não sou nada, nunca fui. daqui pra diante, não sei dizer, digo: vazio. 25 de dezembro de 1899, não consigo esquecer, a data em que você se foi, a data em que tive que ficar, opção por opção, um fim, um desejo, "teve uma morte boa", não é piada, eles disseram pra mim; em outros tempos, dias bem mais alegres, bem mais, intensidade, visão, dias e dias depois, o tempo, consolação e advérbios de modo, pessoas formais: velhos. não cheguei aqui por acaso, uma caminhada difícil prescinde a dor, mas jamais, jamais, companhia. jesus está em todo lugar, noite de natal. morte pouco antes do ano novo, virada, guinada para o mal. situações limítrofes, encruzilhadas que só velhos sabem decifrar, não tem parada, ato contínuo, posso respirar. ar úmido, muito calor, dançarinas, promoters, gente da noite, os anos ferviam na virada; no próximo ano o próximo século. mas você não está aqui, tenha bondade, ajude jesus, o mistério não pode ser tão grande, faça um milagre agora, já estou no fim, é a virada, não tem mais ninguém, pra frente e pra trás os tempos acabaram, estou no fim, sou velho, quem hoje chega aos 70, está tão próximo, estão tão próximos, intensidade, bem mais, advérbios de modo, já sabem quem são. uma palavra leva a outra, sem especificações, genérico. usando as leis, cheguei longe, não por acaso, porque a tinha, vigiou meus dias, velou minhas noites, não são a mesma coisa. hoje, solidão, ontem, memória. os tempos passados, cada dia mais passados, perfeitos. Pretérito-mais-que-perfeito. quando ela se foi, o mundo se foi; ficou o dramalhão, um velho que chora, sentado na cadeira-de-rodas, procura no olhar da enfermeira o outro olhar, pensando ver, mas não se movimenta, não pisca, não tem olhar, mas procura, pensa, existe porque ela existiu. 70 anos de história, nascido em data de 18 de março de 1829, estadunidense, empresário, casado, residente na rua ilha selvagem, em inglês "wild island", a fim de transmutar comédia no mais impagável drama, igualmente hilário, otto, itamar, josias, frederico, nomes da solidão, aqueles que já passaram dos setenta. palavras em vão, os filhos não foram visitar os pais, 8 de janeiro de 2007, segunda-feira, um dia de trabalho, ele em sua cadeira, pensamento, nenhum movimento, nem piscar, mais solidão, advérbios de modo, reitero: velhos. são eles!, somos nós! em seu pensar uma lembrança, mais solidão: ela que se foi, morreu em data especial, de festa, não há como não lembrar. histórias, nossas histórias todas repassadas, revisitadas pela alma, eu nessa cadeira, você no céu. durma em paz, meu bem. jamais farei nada sem ti. falo pra você, segunda pessoa. Mas a primeira, a única, santa, na minha cama, na minha vida, em nossos filhos, na família, netos que geram bisnetos, nós os vimos, não te lembra, fale comigo, ninguém mais fala, nem quero que falem, prefiro nem piscar; a falta que me faz, não faz, desfaz, não faço, nao quero fazer, fale comigo, só você me ouve onde estiver. terceira pessoa que teima em cruzar. os braços teus, a boa tua, tu és a memória, o pensamento e a vida; os olhos, o sorriso, a boca crua, a lembrança e a solidão teimam na verdade, querem que saibas que não sou nada sem ti e que não estás e que não me ouves e que quiseste morrer quando não me quis mais. nos idos em que vivo ninguém chega tão longe; passei dos setenta, e agora quero descansar. Capitu, amante de jesus, vem me visitar, nao importa o que aconteceu, tudo jaz aqui, neste corpo, sangue e cristo, enquanto ainda estou vivo. amém. rezem por mim que farei milagres.

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