querido dick passou a semana passada entubado num hospital de washington; ontem, ele voltou pra casa branca com portão dourado para ocupar o posto de sujeito mais malvado que a humanidade já foi capaz de produzir.
o querido dick, porém, não se abala com críticas, nunca se abala a sua forma de ver o mundo, nem quando está entre a vida e a morte nem quando está derrotado, "seek and destroy" sempre, esse é o lema.
então, o primeiro ato presidencial da volta do querido dick foi a retomada da discussão "como dominaremos o mundo hoje à noite".
ao que se seguiu uma cena de estremecer até os mais gélidos corações: na abertura da sessão, o querido dick se levanta da cadeira de roda e tremendo mas sem hesitar grita aos subalternos "eu tenho uma idéia! eu tenho um,~a., =i;d.é~i.,a".
amparado por enfermeiros, ele se senta novamente e não consegue continuar o raciocínio. a idéia que parecia brilhante havia lhe escapado, a esperteza parecia falhar-lhe num instante derradeiro da sua trajetória de maldades...
nas horas seguintes, a depressão se apoderou do nosso querido dick. ele chorava como um garotinho desesperado. a única frase completa passível de compreensão foi “eu quero”; se bem que num dado momento entendeu-se, mas não claramente, “devolve o meu brinquedo ”.
entendendo a peculiaridade do estado clínico do querido dick, o fiel escudeiro, querido bush, requisitou a presença de mr. obama na casa branca a fim de que animasse o espírito de todo o governo, especialmente do nosso querido dick.
mr. obama foi pontual, disse "yes we can" e foi embora com um sorriso enorme, meio doentio. chegou-se a cogitar que a doença era transmissível.
de acordo com obama, o querido dick ouviu atentamente, suspirando em alguns pontos, mas amargamente reputou-o insuficiente: sem detalhes, sem expectativas de curto prazo, sem mísseis e destruição em massa.
o querido dick sabe que uma guerra deve ser muito bem justificada, sem palavras de morte não há tese que vingue nesse sentido, é preciso ter medo do inimigo.
o tempo está acabando, querido dick pressente...
o certo deve ser feito o quanto antes!
assim, com mais esperança no futuro por causa do discurso de obama, o querido dick voltou a leitura do manual de guerra e estratégias militares, seu livro de cabeceira. ele está no volume XXI.
fontes instaladas dentro da casa branca com portão amarelo informam que ele não tentou mais se levantar e agora coordena tudo por gestos e piscadas de olhos, enquanto o querido bush conversa com o cachorro. em resposta, ele late na mesma sintonia - bêbada, lenta, meio drogada.
por enquanto “nada muda”, é a conclusão dos agentes.