como o nome expressamente declara: xxx - pornografia em inglês; xxx - de novo pornografia em dobro; seis vezes pra você entender... ...
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
publicação do 11° andar.
No jardim de infância, a criança fala como se tivesse 500 anos de história: “não sei se entendi bem, professora... escrever na verdade é pintar letrinhas?”, “é... você não entendeu nada mesmo... escrever é dizer de papel passado o que eles querem que a gente diga”, “ah sim, agora ficou claro... só não sei o que você quer que a gente diga”, “não me trate de você, já disse isso menina, quantas vezes vou ter de repetir?, ou você me chama de alteza ou de tia josefina!”, – o silêncio importa anuência, a professora continua a falar a verdade e temos de acreditar, se não ela nos esmaga com suas referências bibliográficas; na prova final, ela grita “sem consulta”. :Me convenço de mim mesmo pelo toque, bate o sinal, penso com certo desespero (como se fosse possível a modulação de algo tão apavorante, depois de um tempo porém, os desesperos podem ser certos desesperos, errados desesperos, pouco desesperados, pouco sonhadores: vivedores natos, muito desesperados, num certo desespero) pensei “até a prova final tem fim”, soa a campainha, tchau professor, quando sai o resultado?, terça que vem, ótimo, obrigado, até logo, até, cumprimentam-se de lado, fazem questão de esquecer o resultado: reprovado; não se sabe quem mais lamenta... não, o professor com o tempo agüenta, já nem chora, males do ofício, pensa “mais um aluno com escola, mas sem educação”, as contas não fecham, os trabalhos não são suficientes, os números aumentam, transformam-se em referências bibliográficas: atlas universal: sopa de letrinhas emoldurada sob o globo terrestre, bem mais que geopolítica, é o triângulo da fome, morram ignorantes: “vocês só sabem mesmo é votar”, enquanto deveriam provar que sabem viver na miséria, deveriam dizer “não precisamos de ajuda”, “merecemos a mesma morte que vocês”, “não-não, muito obrigado, mas agora nem queremos mais qualquer benevolência”, “já aprendemos a viver”.